Você não é o seu diagnóstico
- Luisa Lisboa
- há 2 horas
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Por Dra. Luísa Lisboa

Receber um diagnóstico em saúde mental pode trazer alívio, confusão, medo ou até a sensação de finalmente ter um nome para algo que sempre esteve ali. Em muitos casos, o diagnóstico ajuda a organizar o cuidado, orientar tratamentos e dar sentido a experiências difíceis. Mas ele não define quem você é.
Você não é apenas TDAH, autismo, transtorno bipolar, borderline, esquizofrenia ou qualquer outro termo técnico. Você é uma pessoa inteira, com uma história, um contexto, afetos, relações, valores e possibilidades que vão muito além de um laudo.
Na saúde mental, existe o risco de reduzir pessoas a rótulos. Quando isso acontece, a escuta se perde e o cuidado se torna automático. Diagnósticos são ferramentas clínicas importantes, mas não podem ocupar o lugar da singularidade. Eles explicam parte do que você vive, não a totalidade de quem você é.
Cuidar da mente começa quando existe espaço para falar, ser ouvido e compreendido. Começa quando alguém se interessa pela sua história, pelo seu ritmo, pelos seus limites e pelas suas potências. Sem pressa, sem julgamentos e sem a expectativa de que você precise caber em um molde.
A escuta vem antes de qualquer definição. E o tratamento, seja ele medicamentoso ou não, precisa ser construído a partir dessa escuta. Medicações podem ser fundamentais em muitos casos, mas nunca devem ser pensadas de forma isolada, automática ou descolada da história da pessoa.
Quando o cuidado em saúde mental respeita a individualidade, ele se torna mais eficaz, mais humano e mais sustentável ao longo do tempo. A pessoa deixa de ser vista apenas pelo que sente de difícil e passa a ser reconhecida também pelo que é, pelo que construiu e pelo que deseja construir.
Se você convive com um diagnóstico, é importante lembrar disso. Ele não resume sua identidade, não define seu valor e não limita tudo o que você pode ser. Você é muito mais do que um nome técnico.
Buscar cuidado em saúde mental é um ato de responsabilidade consigo mesmo. E esse cuidado precisa ser baseado em escuta, acompanhamento e decisões compartilhadas, sempre respeitando quem você é.
Você não é o seu diagnóstico.
Você é uma história em movimento.
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